terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Vinte e seis



Ela se deu conta no momento em que acordou. Que dia é hoje? - pensou. E no minuto seguinte se arrependeu da constatação.

Ela sabia, era aquele dia que não queria que chegasse. Não queria ter que pensar que ele existe. Não que ela se importe com datas, mas tem em seu coração as que lhe são especiais. Elas permanecem. E hoje era pra ser um dia especial.

Era... Mas ela vai passar o dia de pijama, porque não quer se levantar. Não vai nem mesmo abrir as cortinas, pois não se sente à vontade para olhar o sol. Não há sorriso, nem esperança.

Hoje não há festa. Sem comemoração, sem bolo, sem presente, sem flor, sem amor. Não há espaço nem mesmo para sentir saudade. Resta só um monte de pensamento que ela não sabe processar em palavras. Uma expressão apática porque custa a entender fraquezas.

Resta nela lembranças, e não são poucas.  Agora resta também uma data dentro da mesma gavetinha dos risos, abraços e olhares.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O tom, o som, o mar

Meu sonho não viaja só no tamborim
É apenas uma parte, curiosidade

Eu vi o tom
Ouvi o som
Adentrei o mar

Achei um guri sorrindo
Um olhar bandido
Muita razão
Razão?
Jogue a serpentina
Assopra o apito

Solta o som
Veja o tom
Sinta o mar

Um beijo, um cheiro
Um cantar
Feitiço maior não conheço
Aqui o samba está
O meu bloco segue com seu refrão

Eu quero é ver o tom
Ouvir o som
Sorrir pro mar

Esse som é poesia
Esse tom, esse mar

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Encontro das águas

[ou seria das almas?]


Os encontros são lindos e providenciais. Um dia teremos sabedoria para entender. Hoje, absorvemos no meio do porre como coisas banais.

Mas nossas palavras vãs, um dia, serão interpretadas com todo merecimento. E nossas viagens, nossos beijos e palavras estarão nos seus devidos lugares.

Com amor, porque amor é palavra ampla e sentimento muito mais amplo. E, às vezes, precisamos de uma vida a mais para entender.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Desaba Sampa

Foto: Acervo Sala dos Reflexos

Na minha selva de pedras chove granizo. Não vejo a ponta do arranha-céu. Estou presa aqui.

Desaba a babilônia enquanto eu sonho. Alagou. Transbordou. Partiu.

Marginal? Já não existe. Só eu e você na contramão.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O fim que também é começo

Hoje não teve banho no quintal. A manhã era de chuva, os rostos e caminhos eram outros. Não foi o mesmo café. Hoje não foi dia de santoantoniar. Pensei no futuro e na saudade... Acabou?

Ainda há planos, um recomeço. A quarta-feira é de cinzas e a realidade aqui não tem sol. Mas eu sigo porque o coração é colorido e, sim, ele é de carnaval.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Salva a dor



As ruas foram limpas
Sumiram com os pivetes
Montaram os camarotes
Formaram os cordões
E, depois, quem se importa?
O negro tá na moda
Samba, diversão e carnaval
Mas minha mãe não gosta
Lamenta, reclama, chora
Silenciosamente, por estes dias
Seu amor é dor