quarta-feira, 26 de março de 2014

Coisas soltas pela madrugada



Era um que de sonho. Um tanto de realidade. Não sabia direito se eu estava ali. Faz muito tempo que não sei.

As cores que iam se tornando pálidas, mas não ganhavam se quer a beleza dos tons pastéis. Com as pendências se findando, mas não o meu delírio. Há um tanto de perguntas sem respostas.

Há muito eu num espaço que já não me cabe mais. Como um doente que sobrevive as custas dos aparelhos.
Eu acordo assustada, como se o corpo se retomasse de um espasmo.

Era sonho, mas nem sei bem se acordei. É realidade, mas ninguém soube me dizer.

domingo, 9 de março de 2014

Todo carnaval tem seu fim

Foto: Dani Peraze


Fabio acordou com ressaca na quarta-feira de cinzas. Dia abafado. Chovia. Após quatro dias de muito confete, serpentina e pancadas de chuva, pegou seu copo com água gelada e abriu o jornal.

Notícia cinza, como aquela tarde. Um garotinho havia sido espancado até a morte, pelo próprio pai, pois gostava de lavar louça, de dança do ventre, e seu pai julgava que ele deveria ter mais “jeito de homem”. Uma criança, de oito anos... Notícia difícil. Fabio enjoou e desistiu do jornal. Achou melhor abrir o Facebook.

Pois bem ali na sua página de notícias a amiga de uma amiga relatava o que lhe ocorreu durante o carnaval. Ela havia levado dois socos na cara de um rapaz, após ter dito que sua amiga era sua namorada, enquanto tentava andar pela rua escapando das amolações deste rapaz e seus amigos. O ar faltou a Fabio. Aqueles socos doeram em seu próprio rosto. Ficou confuso, impotente e pensou: imagina se não chovesse nos dias de carnaval? Quanto mais de tragédias teríamos por aí?

A sociedade está doente e o carnaval acabou.