quarta-feira, 29 de maio de 2013

Particípio



Seria menos dolorido se fosse um dia de sol? Não sei. Acho que não.

As nuances de cinza fazem aumentar a melancolia. Eu ainda nem sei o que vou fazer.

Preciso de coragem para recuperar a mobília, desempacotar as louças, saber se é possível sonhar...

domingo, 26 de maio de 2013

Inércia


Foto: Pinterest

O metrô está cheio. Fui pego de surpresa, já não era mais hora de estar assim.

Mudei meu horário, por conta própria, pois não aguentava mais andar feito sardinha enlatada dentro do transporte. A única flexibilidade que tenho dentro da minha gaiola, essa mudança de horário. Já a rotina... Ah! Tenho sido massacrado! E também me dei conta de que não conseguirei ler meu livro.

Essa é a novidade feliz dos últimos meses: consigo ler no metrô sem ficar enjoado. Comecei com o celular e agora já estou no livro físico... Pois bem, sem leitura e com angústia. Tenho me sentido muito desconfortável nas multidões. Sempre uma vontade de chorar, aquele nó na garganta que machuca. Os olhos se enchem d'água. Daí fico fingindo que caiu um cisco no meu olho ou que estou com vontade de espirrar, como estou fazendo agora. Isso tudo não porque homem não chora, homem chora um monte e não vejo problema nisso. Mas vejo problema em chorar em meio à multidão. Tem sempre alguém te observando com um olhar meio de lado. E é ruim ter seu sofrimento descoberto quando o que você mais quer é escondê-lo.

A próxima estação está chegando, são doze paradas até meu destino final com uma baldeação. Chegou. As portas abriram e se fecharam. Ninguém desceu, mais gente entrou. Fiquei imóvel. Devia ter saído pra tomar um ar e esperar a próxima composição. Não tive coragem. E ela tem me faltado com freqüência.

Sei lá, às vezes penso que devo fazer outro trajeto ou ir de ônibus só pra ver uma paisagem diferente, só pra ver se muda algo. Nada. Estou cada vez com o olhar mais apático para a vida. Se fosse em outros tempos nem da cama eu levantaria, mas tenho mantido a inércia de viver no piloto automático.

E foi só agora na terceira estação que percebi: estou me sufocando com as coisas que não digo.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Procura-se

Falo aquilo que penso, sem medo. Às vezes posso parecer ríspida, mas é só uma crítica, não me leve a mal. Mas sou assim, gosto de falar e de me expor. E não é briga, é apenas conversa. Debate. Debater não é bom?

Não espere confete, meus bolsos sempre estão vazios deles. Também não ache que precisa me jogar confete. Eu não peço. Faça isso apenas se não for te pesar o braço, entende?

Não espere admiração. Sobretudo não a exija. Minha admiração é silenciosa, discreta e muito seletiva. Se conquistá-la apenas sinta-a.

Ah, também faço perguntas. Várias delas. E exijo resposta, mesmo que divagação. Não aceito que fique em cima do muro e apenas me absorva. Isso não! Eu quero ação.

Eu chamo atenção. Não por querer, mas por acontecer. Já me acostumei, então também precisa se acostumar. Dou risada alto quando tenho vontade, quando acho que vale. E não gosto de ser reprimida. Deixe que eu seja eu mesma e seja você também.

Sou colorida, mas tenho meus dias cinzas. Então apenas me respeite. E respeito é a palavra mais importante, é preciso compreendê-la por completo, em todos os seus aspectos.

Sou sentimental, sincera e só me entrego depois de me sentir segura. E se pisar na bola, já era. Também não pise no calo que viro bicho solto.

O resto são singularidades que não consigo descrever, você pode sentir e interpretar da sua maneira.

Então é isso, estou procurando um caminhão que suporte a minha areia.