terça-feira, 22 de outubro de 2013

Tempos modernos

Então foi isso? Era isso que fazia falta? A timeline do Facebook cheia de felicidade plástica.

Sempre achei que era pra ser diferente. Mas ser diferente é difícil, não é? Hoje vejo somente a necessidade de ser como todos os outros.

Dá menos trabalho, exige menos esforço e rende muito mais ‘likes’.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ah, outubro...


Foi um longo e tenebroso inverno. O mais terrível de todos os tempos. Nunca havíamos passado por nada parecido. Já tivemos invernos difíceis, mas nada se compara. Vimos quase todos os acontecimentos climáticos e meteorológicos. E, sim, tudo isso no Brasil.

Quando criança a gente aprendia na escola que o Brasil era um lugar onde não se faz muito frio, não há tornados nem terremotos. Faz tempo que deixei a escola. Espero que hoje as crianças aprendam de um modo diferente. Espero que desde cedo sejam ensinadas a lidarem com as fortes tempestades e tornados internos.

Houve dias em que nem saí de casa. Vários dias, na verdade, sem nem botar os pés na calçada. A lareira que há 30 anos serviu apenas de enfeite para a sala de estar foi usada pela primeira vez. Houve dias que nem mesmo me levantei da cama.

Não gosto do frio porque ele traz muitas dores. Sobretudo, este inverno foi assim. O mais terrível e difícil, o mais frio. O cheiro predominante de naftalina, pois fomos pegos de surpresa. Não houve tempo para lavar os casacos, não houve tempo para se preparar. Ninguém nunca imaginou que algo assim fosse acontecer. E os olhares se cruzavam com a mesma pergunta sem resposta. Longas horas, como se os ponteiros dos relógios tivessem ganhado oitenta quilos e fosse difícil de se arrastar.

Porém veio setembro. Ainda com resquícios, alguns lugares com neve nas calçadas, outros com objetos e sujeiras carregados pelo vento. Os jardins ainda tímidos de tão úmidos que estavam. Foram muitas chuvas, foram muitas lágrimas. E seguimos, e lutamos.

Então, veio outubro. Como de costume saí para o trabalho e, ao dobrar a esquina, logo depois de onde estão as árvores mais fechadas, avistei por entre os galhos ainda, o meu primeiro raio de sol refletido numa flor. Então pensei: obrigada, Primavera, você chegou. Agradeci depois de novo em voz alta. É a minha primavera que vem aí, para espantar o frio, a chuva, o cheiro de naftalina e florir o meu jardim.