Foto: Dani Peraze
Fabio acordou com ressaca na quarta-feira de cinzas. Dia abafado. Chovia. Após quatro dias de muito confete, serpentina e pancadas de chuva, pegou seu copo com água gelada e abriu o jornal.
Notícia cinza, como aquela tarde. Um garotinho havia sido espancado até a morte, pelo próprio pai, pois gostava de lavar louça, de dança do ventre, e seu pai julgava que ele deveria ter mais “jeito de homem”. Uma criança, de oito anos... Notícia difícil. Fabio enjoou e desistiu do jornal. Achou melhor abrir o Facebook.
Pois bem ali na sua página de notícias a amiga de uma amiga relatava o que lhe ocorreu durante o carnaval. Ela havia levado dois socos na cara de um rapaz, após ter dito que sua amiga era sua namorada, enquanto tentava andar pela rua escapando das amolações deste rapaz e seus amigos. O ar faltou a Fabio. Aqueles socos doeram em seu próprio rosto. Ficou confuso, impotente e pensou: imagina se não chovesse nos dias de carnaval? Quanto mais de tragédias teríamos por aí?
A sociedade está doente e o carnaval acabou.
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